Dr. João Paulo Scamardi Silvado


Artigo | Pediatria
Dr. João Paulo Scamardi Silvado
Foto: Leandro Augusto

Doenças Virais:

Como proteger as crianças no período anual em que elas mais surgem


SEM LEGENDA


Quem nunca ouviu alguém dizer “fui ao médico e, como sempre, ele disse que é uma virose”, ou ainda, “fique tranquilo, vai ser uma virose”?  Contrariando o que muitas pessoas pensam, não se trata apenas de sintomas como vômito e diarreia. A virose é uma doença causada por infecção viral, ou seja, por vírus, e, podem existir milhões de agentes diferentes que produzem diversos tipos de doenças com sinais e sintomas distintos e, ao mesmo tempo, bem parecidos. Tanto que alguns vírus não são identificados de imediato e, por esse motivo, o médico, ciente de ser uma infecção viral, a denomina “virose”. Não está enganado, como os leigos podem pensar, afinal, 80% das doenças são de causa viral.
Todo início de ano letivo e, principalmente durante o outono e o inverno, quem tem filho pequeno, com até 3 anos, em colégio ou creche já permanece em estado de alerta. Certeza que você já deve ter escutado algo como: “são dez dias na escola e outros dez em casa”. Não se assuste porque é considerado normal. Os médicos são unânimes ao confirmar que, no ambiente que proporciona socialização, como escola e creche, as crianças dessa faixa etária adoecem mais. É esperado que, entre 1 e 3 anos, elas tenham de 6 até 11 infecções respiratórias, ou intestinais, por ano. Quando entram na escolinha ou na creche, essa frequência quase dobra. Assim, algumas chegam a ter 22 infecções virais anualmente. E não são apenas as infecções virais que podem aparecer, também existem as bacterianas. Mas não deixe que o medo implique no desenvolvimento cognitivo da criança. Não é porque existem vírus e bactérias que a criança deve se afastar do contato com outras, ou ainda, abandonar a sala de aula. Há uma série de dicas que a família pode seguir para evitar ou diminuir o risco de contagio dessas doenças. Reforço a importância de uma alimentação adequada, rica em vitaminas, com frutas e legumes. Se o lanche da escola for coletivo, a família pode conversar com a escola sobre cardápio e preparo dos alimentos. A água é o melhor fluidificante das vias aéreas e, até hoje, não há elemento melhor para reduzir secreção. É sempre recomendável a ingestão de muita água por dia, sendo que, para as crianças pequenas, dependendo da idade e do peso, deve-se beber de 500 ml a 1 litro de água.
Outro conselho preventivo, que deveria ser um hábito, é a limpeza nasal com solução salina, o famoso sorinho de nariz. Deve ser usado, pelo menos, três vezes ao dia, mesmo na ausência de gripes e resfriados. O soro diminui a chance de transmissão de vírus e bactérias. Ajuda e muito, além, é claro, da extrema importância de manter a carteira de vacinação atualizada.
A criança doente, que amanhece com febre e tosse, não deve ir à escola ou creche até melhorar. A cada criança resfriada levada erroneamente à escola, pode contaminar, no mínimo, quatro coleguinhas. É preciso mantê-la em repouso e a vigilância deve ser reforçada em casa. É preciso acompanhar a temperatura corporal e levá-la para ser avaliada pelo pediatra. Não adianta mantê-la só à base do chazinho da vovó. Pode se tratar de um simples resfriado, mas também ser uma doença que exige tratamento específico.
O ideal é manter atenção redobrada, porém, sem pânico. A maioria das infecções respiratórias é autocurada, principalmente, com o aumento da ingestão de líquido, uso de analgésico, antitérmico e soro fisiológico para limpeza nasal. Claro que, repetir a máxima nunca é demais, qualquer tratamento deve ser prescrito e acompanhado pelo pediatra. Essa é a orientação imprescindível para qualquer sintoma que demonstre algum problema de saúde.


Dr. Pediatra João Paulo Scamardi Silvado - CRM: 128218-SP - Pediatra 
Clínica Pediátrica João e Maria